Alguma vez estiveste prisioneira dos teus pensamentos? Pensas e repensas e acabas mais perdida e frustrada. De facto, os nossos pensamentos têm um grande impacto na nossa vida. O overthinking pode levar a uma espiral de ansiedade, indecisão, stress e dificuldade em tomar ações.
Situações onde podes estar overthinking
Ansiedade em relação ao futuro
É frequente a preocupação com o futuro e imaginação de cenários normalmente negativos, focando em tudo de mal que pode acontecer. Pode advir do medo do desconhecido, de mudanças, de escolhas importantes, da necessidade de controlar ou da criação de expectativas delulu.
Preocupação por situações do passado
Em alternativa, pode surgir do passado, de uma análise excessiva de comportamentos ou situações, do que pensa determinada pessoa, do arrependimento por ter feito ou não algo, de um acontecimento embaraçoso, da versão idealizada na tua mente não ter correspondido à realidade.
Desejo de controlar tudo
A necessidade de controlar todos os aspetos da vida e antecipar os possíveis desfechos pode contribuir para o overthinking. Sentir segurança ao tentar prever cada resultado e ter o plano perfeito pode levar a um estado de hiperconsciência e dificuldade em aproveitar o momento presente.
Perfecionismo e medo de falhar
A busca incessante pela perfeição e o medo de cometer erros podem levar a uma análise minuciosa de cada detalhe, impedindo a tomada de decisões e gerando uma sensação constante de insatisfação, insegurança e crítica. Além disso, a espera pelo momento perfeito pode impedir a ação.
Interações sociais em grupos
Um gostinho da minha autoconsciência excessiva durante diversos contextos sociais:
“Estou a falar pouco, as pessoas não fazem contacto visual comigo, não estou a contribuir para a conversa, não sei o suficiente sobre este tópico. Aquela pessoa é mesmo carismática, sai-lhe naturalmente.
Disse olá a toda a gente? Devia ter dito bom-dia de forma mais entusiasmada porque é isso que queremos, emanar boa energia. Não estou presente, outra vez a divagar pela minha mente.
Estou a analisar todos os movimentos de cada pessoa, a ver como agem, para quem olham, a postura, a confiança, é bom ser observadora, mas às vezes só quero estar tranquila.”
Outras interações sociais
Quem nunca ficou a repetir conversas na cabeça e ensaiar discussões em frente ao espelho, pensando em melhores argumentos? Isto pode-se relacionar com suposições, ficar a remoer sobre o significado de algo que a pessoa fez ou disse, em vez de focar naquilo que é evidente e real.
Esta situação pode levar a mal entendidos e ansiedade, já que cada pessoa tem a sua interpretação. Prioriza a comunicação clara para evitar mal entendidos, esclarece as coisas em vez de remoer. Embora seja importante confiar na intuição, distingue-a dos cenários delulu.
Ao sair da zona de conforto
Sucessão de pensamentos e problemas criados na minha cabeça que quase me impediram de agir:
“Tinha planeado ir sozinha a um café trabalhar no computador e almoçar. O ponto é que antes de sair de casa me deu por repensar tudo, a roupa que ia vestir porque ia estar frio, ia estar desconfortável, o casaco e a mochila pesados. Já saia tarde de casa e não ia valer a pena, ia pagar muito, estive a arranjar todas as desculpas e mais algumas porque era um sítio novo, não sabia como ia ser, se ia gostar.
Aquela ansiedade antes de sair de casa e o cérebro a inventar uns quantos problemas: Que tinha de descansar; que não tinha nada de produtivo para fazer que valesse a pena ir ao café; que não merecia gastar esse dinheiro porque já ando a gastar muito; que devia pesquisar outros cafés ou bibliotecas.
Mas se fosse para ir com alguém já não pensava tanto nos gastos e ia parecer uma ocasião mais especial. E depois pergunto-me se quero realmente ir tomar café porque me ponho indecisa e confusa.
Conclusão, ignorei os pensamentos e fui ao café. Adorei o ambiente, conheci pessoas simpáticas que me fizeram relativizar tudo, vendo-as sem vergonha a meter conversa com estranhos.”
Dicas para lidar com overthinking
Por que é que nos preocupamos tanto? Às vezes parece que não conseguimos livrar-nos dos pensamentos intrusivos, mas o overthinking é um hábito que pode ser moderado.
Torna-te mais consciente de pensamentos excessivos e toma ações para sair desse transe. Podes usar técnicas para tornar-te consciente desse hábito.
- Observar esses pensamentos para perceber de onde vêm, o que é que realmente te está a incomodar e estar atenta para ver quando estás perdida no teu mundo interior;
- Pensar se é algo que controlas ou algo que não depende de ti e não podes fazer nada;
- Questionar esses pensamentos, perceber que argumentos os sustentam e distinguir intuição de suposições ou ilusões sem sentido;
- Não deixar coisas por dizer, evitar falhas de comunicação e esclarecer logo as coisas, não remoer;
- Criar movimento, fazer algo físico, caminha, dança. Algo para que te faça quebrar a linha de pensamentos e redirecionar a tua energia para outra coisa;
- Pensar na regra 555. Se algo não for significante em 5 meses ou 5 anos, não passes mais de 5 minutos a pensar sobre isso. Coloca esses pensamentos em perspetiva e ao definir um tempo limite para pensar nisso começas a quebrar o hábito de ruminar;
- Reconhecer estes padrões de pensamento, de quando eles estão a ocorrer ou se há triggers que os desencadeiam. Observa os teus padrões de pensamento para saberes quando agir.
💆♀️É importante pensar e refletir, porém com moderação. Repensar tudo incessantemente até se tornar insuportável e desconectar-te da vida não é saudável. Pratica o estar presente e resignificar os pensamentos, para não bloqueares e viveres nas ilusões.
Às vezes basta parar de tentar controlar tudo e fluir. Pode-se planear o dia, mas ter blocos flexíveis a mudanças, em vez de obcecar com aquilo que idealizaste, foca naquilo que querias antes de começar a complicar e toma a primeira ação.